Para o pessoal que participou do nosso encontro em Nova Petrópolis, aqui vai uma notícia triste, que apareceu na Zero Hora de hoje, dia 21.12.08, pois trata do falecimento de uma pessoa que nos recebeu muito bem naquela cidade:
O ex-prefeito de Nova Petrópolis Augusto Schranck Júnior, 54 anos, morreu na sexta-feira no Hospital Municipal de Novo Hamburgo. Ele havia sofrido um acidente em 1º de novembro na BR-116, em Dois Irmãos.
Na ocasião, o veículo Celta em que era passageiro capotou. O filho, que o acompanhava, Augusto Neto, sofreu escoriações, mas o ex-prefeito sofreu uma lesão grave na coluna. Foi operado dias após o acidente e permaneceu hospitalizado desde então em Novo Hamburgo.
O corpo seria velado a partir do meio-dia de sábado na Capela Evangélica em Nova Petrópolis. O sepultamento estava marcado para as 17h no cemitério Evangélico de linha Marcondes, no interior de Gramado, mesmo local onde estão enterrados seus pais.
Schranck foi prefeito de Nova Petrópolis por dois mandatos: de 1989 a 1992 e de 2001 a 2004. Antes disso, havia sido chefe de gabinete do prefeito Evaldo Michaelsen (1979-1982) e viceprefeito de 1983 a 1988. Eleito pelo PP, Schranck se destacou à frente da prefeitura pelas grandes obras. Segundo o amigo Harson Braun, presidente do PDT em Nova Petrópolis, foi Schranck quem angariou recursos para a construção do Parque do Imigrante e da Torre na entrada do município, hoje importantes pontos turísticos. Para manter as características da imigração alemã, aprovou a lei que determina que novas construções sejam erguidas no estilo enxaimel e não ultrapassem quatro andares. No seu último mandato, no entanto, foi alvo das atenções na Câmara de Vereadores, que investigou denúncias de irregularidades na gestão pública. O parecer de uma Comissão Processante (CP) apontou a cassação do prefeito, mas ele foi absolvido com o apoio de quatro vereadores.
– Ele era um político fantástico e um amigo muito querido – emociona- se Braun.
Desde que entregou o mandato, em janeiro de 2005, Schranck se mudou para a cidade de Pedras Altas, na Região Sul. Ele vivia com Lídia Assis Brasil, no castelo de Pedras Altas. No último ano, estava contente por ter conseguido aprovar um projeto para restaurar o castelo. Em novembro, quando sofreu o acidente, visitava os filhos Augusto e Vivian, que vivem em Dois Irmãos com sua primeira mulher, Ione.
20 dezembro 2008
01 dezembro 2008
Batata frita no tanque
Reportagem sobre dois alunos do Colégio Sinodal que saiu publicada no caderno "Globaltech" do jornal "Zero Hora" do dia 1º.12.08.

Os estudantes Diego Deferrari e Thomas Andres Troian, ambos de 17 anos, do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Sinodal, de São Leopoldo, descobriram que ciência se faz com muito trabalho, pesquisa, erros, acertos, longas horas no laboratório e, às vezes, a ajuda do acaso. A idéia do projeto da dupla, iniciado no segundo semestre do ano passado nas aulas de química da professora Vera Lucia Dallacorte, era provar que é possível, e talvez comercialmente viável, transformar óleo de cozinha usado em biodiesel para motores automotivos.
Conseguiram e foram além. Descobriram, acidentalmente, um jeito eficiente de retirar do biodiesel os resíduos das substâncias utilizadas na sua produção.
O trabalho Análise da Possibilidade de Produção de um Éster Metílico Através do Óleo de Cozinha Reutilizado foi um dos três selecionados pelo concurso cultural Laboratório Globaltech, de ZH, e será publicado nesta edição.
“Comecei o projeto”, escreveu Thomas no dia 26 de julho de 2007 no grosso caderno com a inscrição biodiesel na capa preta em que ele e Diego anotariam, nos meses seguintes, todos os passos do trabalho. Um trabalho que não valia nota, não fora pedido pela professora Vera nem nada. A motivação dos estudantes naquele momento era científica e ecológica.
Estima-se que, anualmente, 30 mil toneladas de óleo de cozinha sobram nas frigideiras das cozinhas brasileiras. A maior parte dessa fritura é simplesmente descartada no ambiente, com sérias conseqüências.
– O cálculo é que um litro de óleo de cozinha jogado na natureza polui cerca de 1 milhão de litros de água – diz Thomas.
Uma parcela do óleo de cozinha usado é transformada em glicerina (um produto de valor comercial, que serve de matéria-prima para a fabricação de coisas como sabão e sabonete). Mas esse reaproveitamento não resolve o problema da poluição, já que esses derivados não são biodegradáveis. Uma destinação mais inteligente seria transformá-lo em biodiesel, o combustível feito a partir de óleos vegetais.
Segundo os estudantes, o biodiesel reduz em 78%, em relação ao diesel comum, as emissões de dióxido de carbono (CO2), o principal responsável pelo efeito estufa. Também é livre de elementos como enxofre e aromáticos como o benzeno, igualmente poluidores.
O biodiesel é obtido a partir de plantas como mamona, dendê, milho, girassol, amendoim e soja, que também são usadas como óleos comestíveis. Mesmo depois de usado para fritar batatas, o óleo vegetal mantém o seu poder energético e pode movimentar motores a diesel.
A produção de biodiesel no país deve crescer nos próximos anos, para atender à legislação brasileira. Atualmente, a lei determina a adição de 2% de biodiesel (conhecido como B2) ao diesel comum, derivado do petróleo – índice que subirá para 3% em 2009 e deverá chegar a 8% em 2013. Isso pode acirrar uma competição por esses produtos.
– O reaproveitamento do óleo de cozinha usado evitaria que essas plantas deixassem de ser usadas como alimento – diz Thomas.
E há ainda o benefício do baixo custo, já que o óleo de fritura usado pode ser conseguido de graça em lanchonetes, restaurantes e residências.
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A pesquisa
Para produzir biodiesel, Diego e Thomas utilizaram um procedimento chamado transesterificação. Consiste em uma reação química de óleos vegetais ou gorduras animais com um álcool (etanol ou metanol), estimulada por um catalisador. Basicamente, é o processo usado para extrair glicerina do óleo e fazer sabão.
O primeiro passo foi coletar o óleo de cozinha nas vizinhanças do Colégio Sinodal, no Morro do Espelho, em São Leopoldo. Depois de ser filtrado por um processo de sifonação (veja abaixo o passo a passo da pesquisa), os estudantes adicionaram 25 mililitros (ml) de metanol (o álcool, escolhido por ser mais reativo) e meia grama de hidróxido de sódio (catalisador) para cada 100 ml de óleo.
Dissolvida manualmente numa capela de exaustão (o metanol é muito tóxico e não pode ser manuseado em ambiente aberto), a solução se misturou formando o metóxido de sódio. Em seguida, foi aquecida a 50°C entre uma hora e meia e duas horas, e após deixada em repouso por quatro horas.
No final, 15% da solução se decantara e se acumulara no fundo, formando um produto de cor amarronzada: o glicerol. Acima dele, os 85% restantes tinham virado um líquido amarelado: o biodiesel.
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A descoberta
Antes de ser colocado no tanque de um veículo o biodiesel precisa ser “lavado”. Nesse procedimento, devem ser retiradas as impurezas resultantes do processo de produção: o catalisador, o excesso do álcool, a glicerina residual e outras substâncias corrosivas para o motor.
Foi nessa etapa da pesquisa que se deu o grande achado de Diego e Thiago. E quando, após um longo e penoso caminho de tentativas e erros, a sorte jogou a favor da dupla.
– Foi o ponto alto do nosso trabalho – diz Diego.
Os métodos mais comuns de limpeza do biodiesel são a decantação (esperar que as impurezas se acumulem no fundo de um recipiente) e a lavagem, feita por métodos como a agitação magnética, o borbulhamento com gás ou a borrifação, que projeta uma fina névoa de água sobre o óleo, solubilizando os resíduos e depositando-os no fundo do recipiente.
Diego e Thomas gastaram muitas tardes de sexta-feira (único período em que podiam usar o laboratório de química da escola para sua pesquisa extracurricular) tentando encontrar uma solução eficiente para lavar o óleo.
– Um dos problemas de fazer pesquisa no Brasil é que não se tem muito material. São poucos livros – observa Thomas.
O jeito foi recorrer à internet e ao velho método de tentativa e erro. Até que em certo dia, muito ocupados, os estudantes esqueceram um tubo de erlenmeyer (um dos recipientes usados nos laboratórios de química) sobre um forno de aquecimento. Dentro, havia uma solução com biodiesel e água. Quando notaram o tubo no fogo, perceberam que a água, antes clara e limpa, tinha ficado turva.
– O que aconteceu foi que a água, que estava no fundo do tubo, ferveu e formou bolhas. Essas bolhas começaram a subir e a descer, entrando e saindo do óleo que estava acima. Como a água é um polarizador, ela agiu como um ímã, atraindo as impurezas e lavando o biodiesel – explica Diego.
Apesar do sucesso da experiência, mostrada na Feira de Tecnologia, Ciência e Artes de Santa Maria e na Mostratec, em Novo Hamburgo, Diego e Thomas são céticos quanto ao aproveitamento de óleo de cozinha como uma alternativa imediata. “Temos dúvidas se isso poderia ser implantado em nosso meio, de uma maneira que a sociedade aceitasse e, ao mesmo tempo, contribuísse”, escreveram na conclusão do trabalho. Mas também apontaram um caminho: o poder do conhecimento que pode ser adquirido por “dois jovens com um pouco de pesquisa e um local apropriado”.

Os estudantes Diego Deferrari e Thomas Andres Troian, ambos de 17 anos, do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Sinodal, de São Leopoldo, descobriram que ciência se faz com muito trabalho, pesquisa, erros, acertos, longas horas no laboratório e, às vezes, a ajuda do acaso. A idéia do projeto da dupla, iniciado no segundo semestre do ano passado nas aulas de química da professora Vera Lucia Dallacorte, era provar que é possível, e talvez comercialmente viável, transformar óleo de cozinha usado em biodiesel para motores automotivos.
Conseguiram e foram além. Descobriram, acidentalmente, um jeito eficiente de retirar do biodiesel os resíduos das substâncias utilizadas na sua produção.
O trabalho Análise da Possibilidade de Produção de um Éster Metílico Através do Óleo de Cozinha Reutilizado foi um dos três selecionados pelo concurso cultural Laboratório Globaltech, de ZH, e será publicado nesta edição.
“Comecei o projeto”, escreveu Thomas no dia 26 de julho de 2007 no grosso caderno com a inscrição biodiesel na capa preta em que ele e Diego anotariam, nos meses seguintes, todos os passos do trabalho. Um trabalho que não valia nota, não fora pedido pela professora Vera nem nada. A motivação dos estudantes naquele momento era científica e ecológica.
Estima-se que, anualmente, 30 mil toneladas de óleo de cozinha sobram nas frigideiras das cozinhas brasileiras. A maior parte dessa fritura é simplesmente descartada no ambiente, com sérias conseqüências.
– O cálculo é que um litro de óleo de cozinha jogado na natureza polui cerca de 1 milhão de litros de água – diz Thomas.
Uma parcela do óleo de cozinha usado é transformada em glicerina (um produto de valor comercial, que serve de matéria-prima para a fabricação de coisas como sabão e sabonete). Mas esse reaproveitamento não resolve o problema da poluição, já que esses derivados não são biodegradáveis. Uma destinação mais inteligente seria transformá-lo em biodiesel, o combustível feito a partir de óleos vegetais.
Segundo os estudantes, o biodiesel reduz em 78%, em relação ao diesel comum, as emissões de dióxido de carbono (CO2), o principal responsável pelo efeito estufa. Também é livre de elementos como enxofre e aromáticos como o benzeno, igualmente poluidores.
O biodiesel é obtido a partir de plantas como mamona, dendê, milho, girassol, amendoim e soja, que também são usadas como óleos comestíveis. Mesmo depois de usado para fritar batatas, o óleo vegetal mantém o seu poder energético e pode movimentar motores a diesel.
A produção de biodiesel no país deve crescer nos próximos anos, para atender à legislação brasileira. Atualmente, a lei determina a adição de 2% de biodiesel (conhecido como B2) ao diesel comum, derivado do petróleo – índice que subirá para 3% em 2009 e deverá chegar a 8% em 2013. Isso pode acirrar uma competição por esses produtos.
– O reaproveitamento do óleo de cozinha usado evitaria que essas plantas deixassem de ser usadas como alimento – diz Thomas.
E há ainda o benefício do baixo custo, já que o óleo de fritura usado pode ser conseguido de graça em lanchonetes, restaurantes e residências.
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A pesquisa
Para produzir biodiesel, Diego e Thomas utilizaram um procedimento chamado transesterificação. Consiste em uma reação química de óleos vegetais ou gorduras animais com um álcool (etanol ou metanol), estimulada por um catalisador. Basicamente, é o processo usado para extrair glicerina do óleo e fazer sabão.
O primeiro passo foi coletar o óleo de cozinha nas vizinhanças do Colégio Sinodal, no Morro do Espelho, em São Leopoldo. Depois de ser filtrado por um processo de sifonação (veja abaixo o passo a passo da pesquisa), os estudantes adicionaram 25 mililitros (ml) de metanol (o álcool, escolhido por ser mais reativo) e meia grama de hidróxido de sódio (catalisador) para cada 100 ml de óleo.
Dissolvida manualmente numa capela de exaustão (o metanol é muito tóxico e não pode ser manuseado em ambiente aberto), a solução se misturou formando o metóxido de sódio. Em seguida, foi aquecida a 50°C entre uma hora e meia e duas horas, e após deixada em repouso por quatro horas.
No final, 15% da solução se decantara e se acumulara no fundo, formando um produto de cor amarronzada: o glicerol. Acima dele, os 85% restantes tinham virado um líquido amarelado: o biodiesel.
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A descoberta
Antes de ser colocado no tanque de um veículo o biodiesel precisa ser “lavado”. Nesse procedimento, devem ser retiradas as impurezas resultantes do processo de produção: o catalisador, o excesso do álcool, a glicerina residual e outras substâncias corrosivas para o motor.
Foi nessa etapa da pesquisa que se deu o grande achado de Diego e Thiago. E quando, após um longo e penoso caminho de tentativas e erros, a sorte jogou a favor da dupla.
– Foi o ponto alto do nosso trabalho – diz Diego.
Os métodos mais comuns de limpeza do biodiesel são a decantação (esperar que as impurezas se acumulem no fundo de um recipiente) e a lavagem, feita por métodos como a agitação magnética, o borbulhamento com gás ou a borrifação, que projeta uma fina névoa de água sobre o óleo, solubilizando os resíduos e depositando-os no fundo do recipiente.
Diego e Thomas gastaram muitas tardes de sexta-feira (único período em que podiam usar o laboratório de química da escola para sua pesquisa extracurricular) tentando encontrar uma solução eficiente para lavar o óleo.
– Um dos problemas de fazer pesquisa no Brasil é que não se tem muito material. São poucos livros – observa Thomas.
O jeito foi recorrer à internet e ao velho método de tentativa e erro. Até que em certo dia, muito ocupados, os estudantes esqueceram um tubo de erlenmeyer (um dos recipientes usados nos laboratórios de química) sobre um forno de aquecimento. Dentro, havia uma solução com biodiesel e água. Quando notaram o tubo no fogo, perceberam que a água, antes clara e limpa, tinha ficado turva.
– O que aconteceu foi que a água, que estava no fundo do tubo, ferveu e formou bolhas. Essas bolhas começaram a subir e a descer, entrando e saindo do óleo que estava acima. Como a água é um polarizador, ela agiu como um ímã, atraindo as impurezas e lavando o biodiesel – explica Diego.
Apesar do sucesso da experiência, mostrada na Feira de Tecnologia, Ciência e Artes de Santa Maria e na Mostratec, em Novo Hamburgo, Diego e Thomas são céticos quanto ao aproveitamento de óleo de cozinha como uma alternativa imediata. “Temos dúvidas se isso poderia ser implantado em nosso meio, de uma maneira que a sociedade aceitasse e, ao mesmo tempo, contribuísse”, escreveram na conclusão do trabalho. Mas também apontaram um caminho: o poder do conhecimento que pode ser adquirido por “dois jovens com um pouco de pesquisa e um local apropriado”.
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